Início da colheita celebra bons resultados da Pilar Moscato, que é exportada para o Canadá, a Europa e Hong Kong. A expectativa desta safra é colher 500 toneladas

Evento marca o inicio da colheita das uvas gourmet’s.
Pilar do Sul, na região de Sorocaba, contou com um sábado especial. No dia 25 de janeiro, foi realizada, pelo segundo ano consecutivo e com a presença de 300 pessoas, a segunda cerimônia de colheita da uva Pilar Moscato, a primeira uva gourmet do Brasil. A ação teve como objetivo agradecer a natureza pela boa safra e pedir aos Deuses uma colheita farta, que tem início em janeiro e segue até o fim de abril.

Após quase 10 anos de pesquisas realizadas por integrantes da Cooperativa Agroindustrial APPC (Associação Paulista de Produtores de Caqui), que conta atualmente com 35 cooperados, surgiu, em 2015, a uva Pilar Moscato. Essa variedade nasceu da necessidade mercadológica de oferecer produto de excelência, qualidade e total segurança aos consumidores. Hoje, a Pilar Moscato é o carro chefe dos produtos comercializados pela APPC, entre eles caqui, ameixa, atemoia, decopom, entre tantas outras frutas. “Tenho orgulho de afirmar que esta variedade foi a primeira uva gourmet lançada no mercado brasileiro, produto esse norteador das fruticulturas paulista e brasileira. Com isso, paradigmas até então vigentes nesta cadeia foram quebrados: enquanto antes pensava-se apenas em quantidade, hoje há uma busca incessante pela qualidade do produto. Qualidade esta que pode ser traduzida em sabor, coloração, tamanho e principalmente segurança”, emociona-se Paulo Toyoda, vice-presidente da Cooperativa, que enaltece a importância deste trabalho para a permanência dos jovens nos campos, para a geração de empregos e o progresso da nação brasileira.

E por que esta uva é considerada tão especial a ponto de integrar o mercado gourmet? Seus principais diferenciais são a aparência, com bagos grandes, brilhantes e sem sementes, e o sabor bastante adocicado.
“Antes da colheita, analisamos cada cacho que deve estar com no mínimo 18 brix (grau de doçura da fruta) contra 14 graus brix das uvas tradicionais e todo o processo — do plantio à colheita — tem acompanhamento técnico integral, proteção e cuidados especiais em todas as etapas de cultivo”, explica Claudio Shoiti Ito, presidente da APPC, que complementa: “este é um produto bastante artesanal, exige mão de obra especializada, muita técnica e bastante conhecimento.

Diferente de outras uvas, a Pilar Moscato é ensacada individualmente com um saquinho de papel especial, que protege os cachos dos agentes externos (chuva, sol, ataque de insetos), auxilia na uniformidade de coloração e tornam a casca mais fina e brilhante. Outro procedimento que garante a qualidade da fruta é o raleio, que é totalmente manual não utilizando o chamado “pente”, que pode deformar o cacho. Todo o parreiral é protegido com telas anti-granizo e anti-pássaros e em períodos chuvosos, o chão do parreiral também recebe uma manta plástica para impedir que as bagas de uvas rachem”, detalha.

Já no término da colheita, têm início os tratos culturais para a próxima safra: adubação verde para melhor estruturar o solo, fertilização, limpeza de troncos e podas para quebra de dormência. São colocadas em prática outras ações para uniformização de brotação, florescimento e frutificação.

E quem vê o parreiral cheio de frutas lindas, grandes e brilhantes nem imagina que a safra iniciou, em julho, com uma forte geada que gerou problemas de brotação, porém teve consequências positivas: o acúmulo de frio permitiu que em agosto novas podas fossem realizadas garantindo a qualidade da uva, com padrão de cachos bastante vistosos. Por todo este processo, a Pilar Moscato tem também um preço diferenciado das demais, podendo chegar a R$ 90 o kg, garantindo boa renda aos produtores. “Estamos animados e acreditamos que nesta safra iremos colher cerca de 500 toneladas”, deseja Cláudio.

Daniel Nakano, chefe do grupo de estudos da uva Pilar Moscato, explica que uma das missões da Cooperativa é levar produtos seguros, saborosos e de qualidade para agradar aos mais exigentes paladares e consumidores, além de atender a um nicho diferenciado de mercado. “Estudamos constantemente para que haja segurança alimentar, respeito ao meio ambiente e inovação. Recebemos de volta com doçura, formato e qualidade toda a nossa dedicação para com esta fruta”, revela Daniel informando que todo o processo atende as normas de rastreabilidade e outras legislações exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Na região são gerados mais de 200 empregos relacionados a esta variedade de uva. “Os produtores rurais de Pilar do Sul estão dando a oportunidade de o nosso município melhorar economicamente e de ser conhecido e reconhecido internacionalmente com a Pilar Moscato. Agradeço o empenho de todos os fruticultores pelo trabalho incessante e à Secretaria de Agricultura pelo apoio técnico constante”, diz Marco Aurélio Soares, Prefeito de Pilar do Sul.
A esquerda da foto está João Brunelli, ao centro Diógenes Kassaoka e a direita Shuji Gocho.

Presente ao evento, que contou com uma cerimônia religiosa e com atividades em campo, Diógenes Kassaoka, dirigente da assessoria técnica da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, representou o secretário Gustavo Junqueira e levou aos presentes uma mensagem de otimismo. “Vocês são exemplo de que unidos, os produtores conseguem se organizar, gerir mais adequadamente seus negócios e abastecer o Estado, o Brasil e outros países com produtos de qualidade. Continuem se empenhando e contem com a Secretaria de Agricultura”.

Para João Brunelli Júnior, coordenador substituto da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) e representando o coordenador José Luiz Fontes, a APPC cumpre com excelência a vocação rural. “Parabenizo a comunidade de Pilar do Sul pelo exemplo de profissionalismo dos produtores e pela qualidade dos produtos. A produção é feita por vocês e o nosso papel é de ser facilitador e oferecer todo o suporte para que tenham cada vez mais oportunidades e renda. Vocês já mostraram que têm um enorme potencial para levar o agro paulista e brasileiro para outros patamares”, afirma Brunelli, que foi responsável pelo Projeto Microbacias II — Acesso ao Mercado, do Governo do Estado, executado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento entre 2011 e 2018, com apoio do Banco Mundial.

Secretaria de Agricultura apoia APPC

Uma das inúmeras organizações rurais beneficiadas pelo Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável Microbacias II — Acesso ao Mercado, a APPC, alavancou suas atividades com as aquisições propiciadas pelo Microbacias em 2016. Com valor total do Projeto em mais de R$ 2 milhões e apoio do governo de quase R$ 1.6 milhões, foi possível adequar uma unidade para processamento; adquirir equipamentos para classificação, embalagem e armazenamento de frutas; construir duas câmaras frias e comprar um caminhão baú com capacidade para transportar quatro toneladas de produtos. Um antigo galpão de 750m², que já existia na sede da Associação, foi reformado e recebeu, além dos maquinários, novos pisos, vidrarias, pinturas, azulejos, pias, banheiros e teve sua estrutura adequada para centralizar todo o processo de classificação, embalagem, armazenagem e logística de distribuição. No local, também foram construídas duas câmaras frias que irão armazenar, em uma temperatura de dois graus, toda a produção.

“O País vivia um momento de crise e ações como essa nos levaram a ter esperanças. É gratificante constatar que todo este investimento do governo do Estado pode ser retribuído pelos produtores, a partir do momento em que conseguimos oferecer alimentos de qualidade a toda sociedade. Projetos como esse, honram a vocação agropecuária do nosso País”, emociona-se Cláudio, o presidente da Cooperativa.

A equipe de extensão rural da Regional Sorocaba, da Secretaria de Agricultura, esteve e continua constantemente apoiando os produtores. “Como extensionistas, temos o importante papel de sermos mediadores entre o governo e os produtores. Apresentamos a eles essa grande política pública, que tem um alcance social enorme. O Microbacias II revolucionou nosso agro”, avalia Mauro Castellani, diretor da Regional Sorocaba. Além deste apoio, a região de Sorocaba (Pilar do Sul e Piedade) recebeu recursos do Microbacias para recuperar estradas rurais.

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